domingo, 25 de outubro de 2009

Sophia

O céu da boca tem o gosto acre daquela tarde saudosamente tristonha que ainda é recente. O vi, mas não ouvi, nem decifrei, nem descobri nada. Novamente estávamos separados, mesmo estando lado a lado.

É estranho, porque antes te sentia perto, mesmo estando meses e quilometros de distância. A gente se encontrava frequentemente nas vielas da vida, nas esquinas do subconsciente, nos terminais da imaginação.

E assim ficamos os dois: terminal. Perdidos e encontrados num terminal. E terminal também é nosso estado. Como o do coelhinho Teddy que foi parar na fazendinha devido ao câncer em uma cena que jamais esquecerei.

Não quero que seja para sempre, mas aquele carioca bem disse, provavelmente depois de alguns goles ou garrafas de uísque: "que seja infinito enquanto dure".

Estou pedindo demais, eu sei. Desconsidere. Leve em consideração só o que quer e eu pretendo fazer o mesmo. Só quero que se lembre aos seus 84 anos que um dia, alguém realmente se dispôs a gostar demasiadamente do seu jeito, mas que foi vetado por ele mesmo. E quando conhecer o diretor do filme que é a sua vida, não reclame da falta de romance, do fator Meg Ryan em sua vida.

Fiz do fato um ponto irracional e agora não quero mais pensar. Nem nisso, nem naquilo, nem no que está por vir. Sei que tudo está no roteiro, que tudo faz parte de um sistema rotineiro de crescer. E eu cresço e desapareço, como um buraco negro de dúvidas, teorias e hipóteses que nem Sócrates e nem Focault saberiam exemplificar. E nem mesmo Schopenhauer com sua metafísica do amor.