terça-feira, 16 de setembro de 2008

Reticências

Passadas algumas semanas na reabilitação intelectual (meios externos acabaram por viciar-me), retorno com a tarefa semanal reflexiva.

Hoje é terça e não a sexta, mas quem pensa demais perde a noção do tempo. Nota: pensar demais não está relacionado diretamente à reflexão e nem é um sinônimo que de tenho pensado puramente, de que pensar demais é um bom sinal ou que quem pensa pouco não é brilhante. Ao contrário. Creio eu que quando menos tempo levamos em nossas reflexões, mais brilhantes somos.
Horas de reflexão são para pensadores amadores, exercícios para atingir o tal do esclarecimento que Kant citou certa vez. Fim da nota.

Meu ponto hoje é supôr o que pensam as pessoas em momentos banais. No ônibus há sempre os vagueantes olhando o nada. Que estariam eles pensando?
Eu sou uma deles, diga-se de passagem.

Que estaria aquele mendigo do metrô, que passa o dia inteiro sentado lá, pensando?
Aquele vendedor ambulante de doces/aparelhos eletrônicos/bolsas/meias/cintos e passes de ônibus pensando?

E aquele empresário de terno, que espia a rua de dentro do restaurante japonês caro, com sua Sansonite ao lado, com seu N95 do outro, que estaria ele pensando?


Pensando também fico eu, cá, desolada desse lado.

sábado, 16 de agosto de 2008

Não penso, logo não escrevo.

Pensando, pensando, pensando.

Parei de pensar.

Dói.

Cansa.

Enlouquece.

Quem não pensa, não escreve. O que não quer dizer que quem não escreve, não pense.

Mas ando fadada ao cansaço, tédio, falta de inspiração e de repercursão para escrever.

Por diversas vezes tenho escrito e sido ignorada. Ao passo que tantos outros que escrevem sem pensar são aclamados por legiões de outros que não pensam. Isso é de certa forma, frustrante. Sim, é uma crítica dor de cotovelo. Quero sim ser lida. Quero reconhecimento. Quem pensa quer ser reconhecido por pensar. Eu quero ser reconhecida por pensar, não por olhos claros ou lábios grossos.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Fechado para balanço

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Adiantado

Devido ao nosso prezado feriado católico, adianto a postagem dessa semana... Enjoy...

O que você anda fazendo por um mundo melhor?

Piegas, mas real...

Outro dia, em uma das minhas habituais viagens mentais, tal pergunta tornou-se o foco de atenção. O que eu tenho feito para um mundo melhor?
Não sou nenhuma pensadora, filósofa, matemática, astrônoma ou qualquer coisa que o valha para melhorar instantânea e miraculosamente as moléstias da humanidade. Mas eu posso reciclar meu lixo, não jogá-lo na rua, usar sacos de pano para as compras, andar de bicicleta, doar um agasalho ou 10,00 para uma instituição de crianças com AIDs.

Eu posso parar de usar coisas com aerosol, de comer no Mc Donald´s, de visitar outlets da Nike, de comprar produtos chineses, de gastar com frivolidades, de me importar com uma bolsa nova, um jeans de marca, um All Star de 110,00, uma Mont Blanc.

Não brigar com minha irmã mais nova por tudo que ela faz, passar mais tempos com meus 6 cachorros, regar com freqüência minha violeta, pedir novamente para os vizinhos não jogarem lixo na porta da minha casa, não estacionarem o carro em frente a minha garagem.

Não votar em branco nessa eleição, não abaixar a cabeça para a Telefonica quando ela corta meu telefone com a conta paga, exigir meus 0,04 centavos de troco no hipermercado de um certo milionário.

Largar jornalismo, estudar biologia marinha e ir cuidar das tartarugas do Nordeste, virar sindicalista para apoiar os seringueiros, entrar para a FUNAI, adotar uma criança do Nepal.

Virar embaixadora (o correto é embaixadora, a representante diplomática, embaixatriz é a esposa do embaixador) da ONU.

Fazê-lo acreditar que até você, ai, sentado, lendo essa retórica embasada na viagem mental de uma "narcotico-mentora", pode sim melhorar o mundo, nem que de forma ínfima.


Ou pelo menos tentar...

sábado, 10 de maio de 2008

Atraso

Obviamente, quem visita esse blog se pergunta: por que essa frase inicial ao clicarmos no link?

Respondo-os com grande prazer. Fora a grande homenagem ao nosso Raul (Metrô linha 743), acredito que a retórica seja verdadeira.

A gente sempre pensa melhor no momento de imobilidade... Ninguém reflete muito sobre filosofias, vãs ou não, em seu corriqueiro cotidiano. Estamos sempre concentrados nas banais atividades. E embora a atividade cerebral seja constante, ela não é voltada para a arte, por assim dizer da reflexão. Precisamos parar tudo, num momento de tranquilidade e pensar.
Difícilmente alguém que carregou peso e/ou esforçou fisicamente o dia todo, pára e reflete sobre as realidades das indagações de Sócrates sobre a sociedade de sua época.

Sim, a pessoa pensa. Em como precisa fazer as coisas, as contas que deve pagar, em quanto trabalho falta...

E eu, sendo uma das pessoas, sem tempo para realmente refletir e escrever sobre essas reflexões como sempre faço às sexta-feiras, atrasei a postagem do melhor blog do mundo.

Pensem nisso essa semana. Em quem realmente pára para pensar uma única vez por semana. Pensar com direito a reflexão, a indagação.

Pensem nisso.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Suicídio Intelectual



"Só sei que nada sei".



Sócrates escolheu suas idéias em troca de sua vida. E há o ditado que prega: É dos sábios mudar de idéia.

Concordo em termos com o ditado. E se estivesse na mesma situação de Sócrates, beberia a cicuta de canudinho como um ato de provocação aos meus inimigos. Embora pareça uma hibérpole, morrer por suas idéias voltou à moda.

A angústia de passar sua vida pensando, elaborando teorias, discussões, constatações e "verdades absolutas" que serão ameaçadas de nunca existir em troca da nossa própria existência é uma das chantagens mais sádicas e duras do mundo, seja na Antiguidade ou daqui há 4 anos.
Morrer para não desmentir suas verdades. Matá-las para não morrer. A questão mortal. A questão moral.

Penso eu que ainda que seja dos sábios mudar de idéia, mudar de idéia contra vontade não é sábio. E de que adiantaria continuar vivo desmentindo suas verdades, se sua vida agora passaria a ser uma mentira?
Morrer pelo que quer é o melhor jeito de morrer. Quem seria Sócrates se tivesse vivido em troca de seus pensamentos? Seria apenas mais um.
E não há registros socráticos, apenas relatos de seu supostos discípulos, sendo um deles nosso tão conhecido amigo de ombros largos, Platão.

Há aqueles que pensam que morrer por reconhecimento não passa de uma necessidade patológica de atenção, apenas uma questão de ego. Que sejam eles iluminados a ponto de se tornarem sábios e mudarem de idéia.

Ninguém, nunca, deveria ser punido, ofendido, torturado ou rotulado por pensar. Por falar a verdade, ainda que seja uma verdade individual.
Mas pensar requer coragem, audácia, força. Em um mundo tão concorrido, tão disputado, tão dissimulado, quem pensa, passa. E passa desapercebido.

Não tenho pretensões de ser comparada a Sócrates. Longe disso. Mas o admiro. Por indagar sua realidade, por elaborar suas verdades. Por morrer acreditando nelas. E me fazer, tanto tempo depois, acreditar também.

Que a era do "Suicídio Intelectual" tenha um fim. Reine agora a sua, a minha, a nossa verdade. Seja feita a nossa verdade.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Anarquia

Quero enfatizar desde o princípio que apesar de ter muita gente pensando, a maioria em si pensa errado. E o errado não é o oposto do correto, esse errado é o oposto do aceitável.

Aceitável em uma suposta sociedade, com suas supostas leis, normas de conduta e moral. Toda comunidade social é munida de tais métodos e portanto, em todas elas há o certo e o errado. O permitido e o proibido. O bem e o mal.

Pensar sempre foi a pior arma, a mais fatal e letal do homem. Ele pensando com plena eficiência, domina toda e qualquer outra arma, todo e qualquer exército, toda e qualquer batalha. A supremacia é de quem pensa.

E se deixarmos os que pensam de forma equivocada, que se opõe aos padrões de convívio em sociedade, com preconceitos, com ódio, com extermínio dos não-semelhantes, eles podem e farão uso de nossa falta de atenção, nossa indiferença. E lamento dizer, vencerão. Vencerão por sermos relapsos aos outros e a nós mesmos. Relapsos aos pensamentos dos que pensam e anseiam o mal.

O apelo é: não sejamos presunçosos a ponto de julgar o que é certo ou errado, mas sim, uma conversão no sistema que faz as pessoas ansiarem o oposto do correto. A criança nasce sem nenhum vício, sem nenhum ódio, sem nenhuma mágoa. Nós é que a moldamos. Nós, moldados pela sociedade.

Mudemos o sistema, sejamos anárquicos.

"Proletário, uni-vos".

sexta-feira, 28 de março de 2008

Xeque

"[...] Que o povo acredite que conhecer é conhecer até o fim [...]".

Friedrich Nietzsche

Nietzsche declarou isso há mais de cem anos, mas parando e observando a suposta realidade que nos rodeia, posso assegurar com precisão semi-cirúrgica que paramos de desejar tal conhecer.

O que conhecemos até o fim? E não tratando-se apenas dos emaranhados filosóficos da metafísica humana, nem dos questionamentos de philo e sophia ou até mesmo indagando a verdade socráticamente.

Porque novamente ele, nosso amigo Fried (para os íntimos), pede que ao menos uma vez sejamos cautelosos, ou seja "afilosóficos"(sic). Isso nos coloca em xeque, uma vez que ele é um dos maiores filósofos e tanto critica seus antecessores, mas pede para agirmos com cautela, buscando o conhecimento até o fim. Em termos atuais, as atitudes filosóficas.

Em nosso cotidiano, como as coisas banais da vida, o que conhecemos até o fim? Desde o funcionamento de uma máquina (a de lavar, por exemplo) até a real utilidade da existência humana que tentamos desvendar há milênios, a resposta é nada. Ninguém conhece alguma coisa até o fim. Nem o próprio Nietzsche que por tanto tentar conhecer tudo até o fim, acabou molestado pela demência.

E não bastando todos os nossos não-conhecimentos da atual realidade, ainda vamos em busca de mais não-conhecimentos, como a vida extraterrestre, os mistérios das construções antigas (as pirâmides, Stonehenge, Machu Pichu...). Essas respostas ainda não foram desvendadas, ou encontradas por assim dizer, mas estamos sempre anseando buscar mais desafios e tentando conhecer até o fim.

Perdoem a audácia, mas nem com o mapeanento da cadeia de DNA pudemos finalmente entender a essência humana, nos desvendar, nos conhecer inteiramente. Em meios termos, não somos entendidos nem do que somos! Parece complexo, mas a realidade é muito simples e como citado anteriormente, nós criamos complexidades e indagações. Nós, Nietzsche, Sócrates e tantos outros.

Voltando ao tema: o que conhecemos até o fim? Nada ou quase, insisto. Porque com tanta comodidade na comunicação, no raciocínio e até mesmo nos relacionamentos, nos acomodamos nessa endoma de tecnologia e sabemos das coisas até onde é preciso, até onde atende nossas necessidades, por maiores que sejam.

A verdade é que não precisamos conhecer até o fim. Ou melhor, não nos importamos.
Até agora...

sexta-feira, 14 de março de 2008

Coca-Cola do Tálamo

Sou uma viciada em pensar.

E ao contrário de muitos, que pensam só por causa dos amigos, eu comecei cedo, porque achei que era um refúgio, um jeito de me isolar do mundo fétido ao meu redor para viver na minha redoma, sozinha e pensante.

Pensar é como uma droga pesada. Nem todo mundo aguenta e nem todo mundo sobrevive ao pensar. Depois de tanto tempo pensando, ou você morre, ou enlouquece. Quem dera fosse a primeira.

Não que quem não pensa não morra e não enlouqueça. Longe disso. Mas a loucura do raciocíonio é uma das piores de que se tem menção.

Porque você continua pensando, mesmo depois de louco. E não pára até que o ceifador te leve para sua barca e atravesse o mundo dos mortos. Até mesmo lá, no submundo de Hades, quem garante que paramos de pensar?

O pensamento é um papelote sem fim, que não exige subir em morro, nem negociar com traficante para poder usufruir de seu efeito. Não precisa de aviãozinho, nem inalar durante
3 dias sem parar, nem furos com injeções nojentas e aidéticas, fumar aquela fumaça tosca ou ingerir uma bala de papel e droga.

Pensar é muito mais sublime que qualquer droga existente. E com a vantagem de ser lícita. Abre aspas "Contanto que seu vício não atrapalhe os planos de algum poderoso, é lícito, caso contrário, você é só um viciado que será apagado ao mando do traficante mor- fecha aspas".

Deus nos deu um entorpecente natural, o uso de outros é patético e maldito.

Pensar é uma antítese: boa e má ao mesmo tempo. É a Coca-Cola do Tálamo humano.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Mau uso

Esfreguei o rosto, entendiada... são 23:43 de uma quarta-feira sem sal. Alguém tinha que criar a coragem inicial para o primeiro post, livrando-se dessa responsabilidade por pelo menos uma semana.
E em uma casa onde o computador é partilhado, a inspiração é quebrada toda vez que alguém chega e pergunta: Quando você vai sair daí?
O fato de que penso não me imuniza das perturbações banais que distraem meus pensamentos. No maior êxtase da postagem, a linha de raciocínio se parte, e eu nem lembro mais em que parte estava...
E começo a ficar revoltada, porque muita gente tem um computador todinho para si e faz muito mal uso, ao contrário de mim, é claro.
Enfim... lamento dizer, ou melhor, escrever, melhor ainda, parar de escrever, porque como citei, outra pessoa que fará menos bom uso do que eu precisa usar o computador...

E eu, vou ficar pensando fora dele...

Ps: o título era para ser dúbio mesmo...