sexta-feira, 25 de abril de 2008

Suicídio Intelectual



"Só sei que nada sei".



Sócrates escolheu suas idéias em troca de sua vida. E há o ditado que prega: É dos sábios mudar de idéia.

Concordo em termos com o ditado. E se estivesse na mesma situação de Sócrates, beberia a cicuta de canudinho como um ato de provocação aos meus inimigos. Embora pareça uma hibérpole, morrer por suas idéias voltou à moda.

A angústia de passar sua vida pensando, elaborando teorias, discussões, constatações e "verdades absolutas" que serão ameaçadas de nunca existir em troca da nossa própria existência é uma das chantagens mais sádicas e duras do mundo, seja na Antiguidade ou daqui há 4 anos.
Morrer para não desmentir suas verdades. Matá-las para não morrer. A questão mortal. A questão moral.

Penso eu que ainda que seja dos sábios mudar de idéia, mudar de idéia contra vontade não é sábio. E de que adiantaria continuar vivo desmentindo suas verdades, se sua vida agora passaria a ser uma mentira?
Morrer pelo que quer é o melhor jeito de morrer. Quem seria Sócrates se tivesse vivido em troca de seus pensamentos? Seria apenas mais um.
E não há registros socráticos, apenas relatos de seu supostos discípulos, sendo um deles nosso tão conhecido amigo de ombros largos, Platão.

Há aqueles que pensam que morrer por reconhecimento não passa de uma necessidade patológica de atenção, apenas uma questão de ego. Que sejam eles iluminados a ponto de se tornarem sábios e mudarem de idéia.

Ninguém, nunca, deveria ser punido, ofendido, torturado ou rotulado por pensar. Por falar a verdade, ainda que seja uma verdade individual.
Mas pensar requer coragem, audácia, força. Em um mundo tão concorrido, tão disputado, tão dissimulado, quem pensa, passa. E passa desapercebido.

Não tenho pretensões de ser comparada a Sócrates. Longe disso. Mas o admiro. Por indagar sua realidade, por elaborar suas verdades. Por morrer acreditando nelas. E me fazer, tanto tempo depois, acreditar também.

Que a era do "Suicídio Intelectual" tenha um fim. Reine agora a sua, a minha, a nossa verdade. Seja feita a nossa verdade.

4 comentários:

Evandro Silva disse...

"Não sou pensador como Sócrates e Platão,
mas leis televisão, não conseguiram minha alienação." [Facção Central]

Poucos são os qe pensam pelo menos uma vez por semana... rsrs

Marcelo Mariano Melo disse...

Li mas não comentei...


Bjos

Leandro Vasco disse...

Pensar é fácil, tendo em vista que é função natural do corpo. Mas a diferença do pensamento genial ao pensamento é o comprometimento com a idéia...Esse comprometimento, acreditar no que pensa e tomar isso como realidade absoluta (a famigerada ideologia) é o que pode causar a morte do ideário, não da idéia.

Anônimo disse...

Enquanto sou jovem, preservo minhas idéias...pessoas mais velhas me disseram que eu iria cansar com o tempo, que nada iria adiantar, que o sistema é forte, e que será sempre o mesmo...se eu conseguir ganhar dinheiro para manter a minha sobrevivência, vivendo de acordo com as minhas próprias idéias, regras e vícios, então a minha dignidade é preservada, já é algo significativo pra mim, minhas idéias não vão murchar com o tempo,assim eu desejo...


Abraços